Cisto Sinovial
O que é o cisto sinovial?
Tumoração mais comum da mão e punho, o cisto sinovial é uma lesão cística benigna que não apresenta nenhum risco de malignização, isto é, não tem nenhuma chance de ser ou tornar-se um câncer. É mais comum em mulheres e a maioria aparece entre 10 e 30 anos de idade. Em torno de 10% dos casos está associado a um evento traumático no local, ou a traumas repetidos.
Locais mais comuns:
60 a 70% ocorrem no dorso do punho, sendo o local mais comum de aparecimento.
Segundo local mais comum (20% dos casos) é na região volar, próximos a artéria radial
É necessário realizar algum exame?
O diagnóstico pode ser dado durante a consulta, mas é adequado realizar um exame de imagem para confirmar o diagnóstico e excluir outras causas mais raras de tumoração neste local. A ultrassonografia é o exame ideal para isso, pois é de fácil realização e baixo custo. Outra opção é a ressonância magnética, entretanto é mais demorada e cara ao sistema de saúde.
Quais as opções de tratamento?
Existem algumas formas de tratar o cisto sinovial. A mais simples e segura é o acompanhamento do paciente e esclarecimento da natureza benigna da lesão. Não é necessária nenhuma intervenção caso o cisto não cause desconforto ou incômodo persistente. Além disso, o cisto tem a característica de apresentar tamanho variável, portanto pode aumentar ou diminuir de tamanho ao longo do tempo. Isto ocorre pois seu conteúdo líquido pode aumentar ou diminuir devido a comunicação que existe com a articulação.
Um fato histórico interessante é que existem relatos folclóricos de tratamento no passado batendo com uma Bíblia no local do cisto para que ocorresse sua ruptura e reabsorção. Claro que não se realiza tratamentos deste tipo atualmente, fiquem tranquilos.
Uma forma de tratamento para cistos que causam desconforto é a aspiração com agulha e infiltração de corticoide no local. Entretanto essa modalidade de tratamento tem uma eficácia de apenas 20 a 30%. Isto ocorre pois o cisto acaba retornando, caso não seja removido por completo. Portanto, a modalidade mais eficaz de tratar o cisto quando sintomático é a cirurgia.
Quando realizada de maneira correta, a cirurgia tem uma taxa de recorrência baixa (menos de 10%). Para isso deve ser retirado o cisto na sua totalidade, indo ate os planos mais profundos do punho, próximo a articulação. Uma complicação que pode ocorrer após a cirurgia é a rigidez do punho, portanto mobilização precoce e fisioterapia são essenciais.
Sendo assim, quem decide se irá realizar a cirurgia é o paciente! Você deve pesar os riscos e benefícios do procedimento e avaliar a magnitude dos sintomas de dor e desconforto que o cisto estejam lhe causando e decidir se gostaria de realizar a cirurgia ou não. Lembrando sempre de procurar um especialista em cirurgia da mão, que é o profissional capacitado para realizar esta cirurgia da forma mais segura possível.
Como é feita a cirurgia?
Cistos dorsais (mais comuns)
Cirurgia se inicia com um corte transversal de 3 a 5cm, a depender do tamanho do cisto, no dorso do punho acometido. Afasta-se a gordura subcutânea, e os tendões extensores que passam na região. É realizada abertura da capsula articular e o cisto é então exposto até a sua origem dentro da articulação do punho, usualmente próximo ao ligamento escafosemilunar. Realiza-se então sua completa retirada e encaminha-se o material para estudo no microscópio e confirmação diagnóstica. Prossegue-se então a sutura do tecido subcutâneo e da pele. A capsula não é suturada para evitar rigidez do punho. O processo de cicatrização da capsula articular envolve formação de tecido fibroso que pode causar rigidez no punho. Essa é a principal complicação dessa cirurgia e deve ser combatida logo nos primeiros dias o procedimento, com exercícios de movimento do punho e fisioterapia.
Cistos volares
Nestes casos a cirurgia se inicia com um corte longitudinal extensível ao túnel do carpo se necessário de 3 a 5cm, a depender do tamanho do cisto, na região volar do punho como na foto. Neste caso a estrutura em íntimo contato com o cisto é a artéria radial e deve ser bem visualizada e afastada. É realizada abertura da capsula articular e o cisto é então exposto até a sua origem dentro da articulação do punho. Realiza-se então sua completa retirada e encaminha-se o material para estudo no microscópio e confirmação diagnóstica, como no caso dos cistos dorsais. Prossegue-se então a sutura do tecido subcutâneo e da pele. A capsula novamente não é suturada para evitar rigidez do punho. Entretanto, esta complicação é menos comum que nas cirurgias para retirada dos cistos dorsais.
Quais são os principais riscos da cirurgia?
- Recidiva. Retorno do cisto. Essa complicação é relativamente frequente e normalmente decorre de uma retirada incompleta ou superficial. Pode ser necessária uma nova cirurgia em alguns casos
- Rigidez. Complicação mais comum do procedimento devido a ressecção de parte da cápsula articular e do processo cicatricial. A fisioterapia neste caso é muito importante para sua prevenção
- Infecção. Esta complicação pode ocorrer em qualquer procedimento cirúrgico. Nesta cirurgia especificamente o risco é menor que 1%, ou seja, a cada 1000 pessoas que fazem a cirurgia menos de 10 apresentam esta complicação. Caso ocorra, a maioria das vezes é resolvida com antibióticos orais, sem necessidade de nova cirurgia.
- Lesão neurovascular. Durante a cirurgia dorsal e volar os ramos do nervo sensitivo radial podem ser lesados levando a cicatrizes dolorosas. No caso dos cistos volares a artéria radial pode ser lesada levando a sangramentos. Nem sempre isso ocorre por erro médico, algumas pessoas possuem variações da anatomia, ou outras doenças que alteram a localização das estruturas. Contudo, quando realizada cuidadosamente por profissional treinado na área sua ocorrencia é rara (menos de 0,1% das cirurgias)
- Riscos da anestesia. Neste caso o risco é muito baixo devido ao pequeno porte da cirurgia. Normalmente a anestesia é local com uma sedação (remedio para relaxar e dormir), sem necessidade de intubação.
- Cicatriz dolorosa. Incidência em torno de 2%. Pode resolver com massagem cicatricial ou espontaneamente. Em alguns casos, pode se desenvolver uma síndrome dolorosa complexa. Nesse caso, deve ser tratado com fisioterapia e medicações. É três vezes mais comum em mulheres.
E o pós operatório?
Nos primeiros dois dias é feito um curativo alcochoado, mais volumoso para conforto, e em alguns casos pode ser optado por uma tala gessada. Deve-se evitar o uso das mãos, e mantê-la elevada na altura do coração. São utilizados medicamentos analgésicos de horário para evitar dor.
A partir do terceiro dia pode ser trocado o curativo por um menor e são iniciados movimentos dos dedos e punho para evitar rigidez de acordo com a dor do paciente. Clique aqui para conhecer os exercícios (Six-pack). A fisioterapia neste tipo de cirurgia está sempre indicada. O medicamento para dor deixa de ser usado de horário e é utilizado somente sob demanda. Pode ser iniciado o uso da mão para atividades leves, contanto que não cause desconforto. A mão pode ser lavada no banho, secada e trocado o curativo.
No momento que a ferida operatória está seca, sem saída de secreção, os germes não conseguem penetrar na ferida, portanto, não é necessário curativo. Mas deve ser mantida sempre limpa. Normalmente no 15˚ dia são retirados os pontos. Retorno ao trabalho depende da evolução e do tipo de trabalho desempenhado. Lembrando que esta evolução ocorre para maioria dos pacientes, mas cada pessoa é diferente e essas orientações podem mudar de acordo com a evolução do caso. Portanto, siga sempre as orientações do seu médico.